The Maus
The Maus é um filme espanhol disponível no Netflix e conta a história de uma mulher chamada Selma, traumatizada pela guerra que ocorreu entre a Bósnia e a Sérvia durante a década de 90, onde ocorreu a fragmentação e dissolução da Ioguslávia, causada por rivalidades étnicas e religiosas entre esses povos. É importante entender essa guerra para que possamos entender o que se passa na cabeça de Selma e o que cada personagem representa para Yayo Herrero, diretor do filme.
Selma (Alma Terzic) é uma muçulmana sobrevivente da Guerra da Bósnia, perdeu muitos parentes, mortos pelos sérvios, cujos corpos somente foram encontrados anos mais tarde, após uma enchente na região. Ela e o namorado alemão Alex (August Wittgenstein) - apelidado de Europa - estão presos numa região florestal da Bósnia, devido a um problema no veículo. Assustada pelo ambiente considerado hostil, ela é tranquilizada por Alex, que acredita que conseguirão atravessar a floresta sem maiores problemas até o vilarejo mais próximo.No caminho, a garota anuncia a todo momento que estão sendo observados, e que viu algo se escondendo numa neblina. Ao encontrar um veículo abandonado, com utensílios como uma faca de caça e cordas, Selma implora para continuarem o percurso, mas o insistente Alex não só mexe no carro como aciona um walkie talkie, ainda que não entenda o que está sendo dito por não conhecer a língua bósnia. A situação se complica quando surgem dois homens, Milos (Sanin Milavic) e Vuk (Aleksandar Seksan), sérvios que estariam na região desativando minas terrestres. Uma delas é acionada pelo cachorro Bobby, e seus estilhaços atinguem Selma, fazendo-a reviver os dias de guerra e a fazendo misturar lembranças com a realidade.
Os estranhos sugerem que a dupla vá com eles até um abrigo para cuidar dos ferimentos de Selma, mas a garota desconfia que possa ser uma armadilha.
O filme faz referência também aos Djins, presente em parte da cultura islâmica, quando a entidade, envolta pela escuridão, aparece para incentivar a loucura da protagonista. A beleza angelical de Selma, mostrada no close de seu rosto e olhos claros no começo, vai aos poucos se apagando pelas sujeira e sangue, combinando com sua postura cada vez mais agressiva. (via Boca do Inferno)
Á parte da sinopse escrita pelo Marcelo Milici do blog Boca do Inferno, há algo a adicionar (há spoilers):
A guerra da Bósnia foi um dos conflitos mais intensos das últimas décadas, e teve como resultado mais de 100 mil mortos entre bósnios e sérvios, muçulmanos e cristãos ortodóxos, que mataram-se a bel prazer, e a ONU, supostamente criada para a mediar esses tipos de conflitos, não se envolveu e deixou que a guerra se estendesse com todo o seu horror.
O filme se trata disso em suas entrelinhas.
Bósnia (Selma), acusa e desconfia a todo tempo dos Sérvios (representados aqui por Milos e Vuk), e por fim acaba os matando, sendo um deles decaptados (práticado pelo Djin, uma referência a pratica muçulmana de decaptação). Há uma cena, quando Bósnia está claramente acusando a Europa (Alex) de os ter abandonado, que foi de fato o que aconteceu. No final, Alex afasta-se de Selma, temendo sua mudança violenta, e ela acidentalmente (aparentemente) pisa em uma mina terrestre e morre. Então somos transportados a Berlin, onde Alex está passeando com sua nova namorada Ella e amigos tranquilamente, quando ocorre uma explosão, como um atentado terrorista, e ao procurar Ella, vemos a distorção de uma mulher, aparentemente Selma. Podemos pensar nisso como uma referencia aos ataques terroristas na Europa? Talvez sim. É um filme confuso, mas vale assistir e pensar um pouco sobre se as consequências dessa guerra que foi ignorada por todos, está hoje nos assombrando, assim como assombra as vítimas desse massacre.
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