Boêmio
"Desde que se fue, triste vivo yo, caminito amigo, yo también me voy." - Caminito
Levantou-se como que por um estrondo muito forte, o silencio. Sua cabeça confusa, sonolenta como sempre onde teus olhos espelhavam insônia.
Virava-se na cama para que talvez viesse uma espécie de sonho para fazê-lo dormir, calculos em vão, olhava para o teto, deitado sobre sua cama, era o mesmo, o mesmo quarto de sempre, com um cheiro de cigarro espalhado no ar, vindo do quarto ao lado, o quarto não mudaria sozinho e pela tua vontade não o fazeria mudar. Nada no mundo era tão agradável quanto a energia voltada nesse quarto, a estabilidade encontrada pelas roupas absurdamente voltadas ao chão, restos de caixas e teu proprio corpo sobre o abismo do lugar, por fim, esta era tua organização, coisa que deixava como esta e até mesmo não gostava que ninguem mexesse por ali.
Tinha apenas uma janela, a qual porduzia luz, infelizmente nem tanta luz, dava para o vizinho ao lado, um vizinho que nunca viu, alguem assim com a habilidade de ocultar-se tambem.
Sua esquisitice o pertubava, não gostava de nada mais fora de teu quarto, as vezes ele saía até perto da praça, caminhava como um perdido, a toca posta a cabeça, uma bengala, que até hoje nao descobri porque a usava, jovem como só ele sem esta necessidade.
Era como um refugio, talvez para tentar-se criar um personagem com sua própria personalidade, para distrair-se cosigo mesmo, passar a imagem de alguem invisivel talvez, dá ultima vez que entrei no quarto do rapaz, vi estranhas rachaduras na parede, meticulosamente perfeita como um desenho movendo sobre ela, estupenda. Vivia conforme alguns anos passados, a única coisa que tinha de moderno em sua casa era um radio velho, ja ultrapassado que poderia chamar-se da coisa mais moderna que teria em teu quarto. Insistia em comprar Cd's, Lp's, livros velhos de uma banquinha na rua, era das antigas, os vizinhos o achavam esquisito, mas estranho era ve-los aguardando a chegada do rapaz na porta do apartamento, como se tivessem esperando uma celebridade estantânea chegando tranquilamente em sua residência, isso era estranho, apesar de insinuar a estranheza do rapaz, que vamos dizer que era um pouco exagerado em seu ser sombrio. Alguem subitamente parado no tempo, não necessitava de uma vida online para ocultar-se em algo que queria ser, mas fazia o que queria em sua forma estável, algo que eu admiro nele, vida sem ação, apenas vivendo de um modo mórbido inexistente em nossa sociedade excessivamente plugada.
O visinho ao lado nunca aparecia na janela, para aparecer, fechava a janela e por um fresta minúscula, vasculhava e observava a tranquilidade do movimento no quarto ao lado, apesar de tentar observar o inevitável, ele nunca tentou provaca-lo ou falar dele para outros, observar a estranhesa do quarto do rapaz, era como um passatempo, pois este não saia por estranhesa ou como esse rapaz, teu vizinho, mais ficava em teu quarto trabalhando incessantemente, o trabalho sempre o impedia de fazer o queria. Penso eu, que vizinhança estranha essa, um ocultava-se como pura loucura, outro como puro trabalho e eu como um bom vizinho xereta a espreita das artimanhas de meu novo personagem, o vizinho.
Por fim, o cheiro de cigarro no quarto aumentava ainda mais, era constante e não o incomodava, pois tambem era um usuário, mas mesmo não ligando para si mesmo, tinha medo de incomodar teu vizinho xereta, ou talvez para chamar a atenção e ser criticado por ele, ou simplesmente para perguntar se tem um para dar.
O vizinho continuava a façanha de tentar observa-lo, sempre pela manha quanto abria a janela, incansavel, até em dia de chuva, apesar de tambem ser como eu e admirar o modo de vida esquisita do rapaz, jamais pensava em se comunicar com ele, nem mesmo um "oi", isso não era pela ocupação no trabalho, mas sim o orgulho mesmo.
Em uma das noites, o rapaz entrou no quarto acompanhado de uma mulher, que eu não consegui ver de imediato, mas consegui notar uma boa aparência.
Ela morreu na manha seguinte. Eu lembro disto, o rapaz chorava pelos cantos do quarto ao meu ver, desesperado. Não ocorreu nem um grito, nem nada, apenas uma morte, insana, quieta, morta. O mais estranho que aconteceu foi ele deixar o corpo ali em cima da cama, como se nada estivesse acontecido. Desceu foi até algum lugar e voltou de carro com a policia, chegando lá, retiraram o corpo, e uma arquibancada ao redor, vendo o acontecido fato do rapaz estranho.
Por análises, parece que teve uma espécie de infarto. Estranho.
A última vez que vi meu ilustre visinho, ele estava sentado no banco de um praça, com uma carta na mão, mesmo assim, sua atenção estava longe da carta, era coberto pela fumaça de seu cigarro , teus olhos pensativos, minha curiosidade perguntava em que pensava, não pude entender o sinônimo da carta, nem do olhar, nem do cigarro e pouco menos de seu interresse pelo banco da praça.
Apenas sei que ele morreu no dia seguinte, foi procurado pela polícia para fazer um depoimento e o encontraram ali, na cama de braços cruzados. Até hoje tenho essa foto, minha carreira de fotografo valeu, talvez para lembrar deste meu vizinho que eu nunca disse um "oi".
Tomou calmantes, morreu dormindo, um bilhete no chão ao lado da cama "Venda o quarto para o vizinho ao lado"
O vizinho comprou o quarto mesmo! Não mexeu em nada, deixou como estava e hoje não sei mais sobre este, ou sobre o quarto, nem mesmo sobre as cartas do morto que ficou com o vizinho. A bagunça continuou, o cheiro de cigarro cintinuou, vindo do quarto ao lado e do novo dono do quarto que tornou-se usuário, por fim, eu comprei o quarto do vizinho do morto. E as cartas? Não sei.
Priscila Faria
Levantou-se como que por um estrondo muito forte, o silencio. Sua cabeça confusa, sonolenta como sempre onde teus olhos espelhavam insônia.
Virava-se na cama para que talvez viesse uma espécie de sonho para fazê-lo dormir, calculos em vão, olhava para o teto, deitado sobre sua cama, era o mesmo, o mesmo quarto de sempre, com um cheiro de cigarro espalhado no ar, vindo do quarto ao lado, o quarto não mudaria sozinho e pela tua vontade não o fazeria mudar. Nada no mundo era tão agradável quanto a energia voltada nesse quarto, a estabilidade encontrada pelas roupas absurdamente voltadas ao chão, restos de caixas e teu proprio corpo sobre o abismo do lugar, por fim, esta era tua organização, coisa que deixava como esta e até mesmo não gostava que ninguem mexesse por ali.
Tinha apenas uma janela, a qual porduzia luz, infelizmente nem tanta luz, dava para o vizinho ao lado, um vizinho que nunca viu, alguem assim com a habilidade de ocultar-se tambem.
Sua esquisitice o pertubava, não gostava de nada mais fora de teu quarto, as vezes ele saía até perto da praça, caminhava como um perdido, a toca posta a cabeça, uma bengala, que até hoje nao descobri porque a usava, jovem como só ele sem esta necessidade.
Era como um refugio, talvez para tentar-se criar um personagem com sua própria personalidade, para distrair-se cosigo mesmo, passar a imagem de alguem invisivel talvez, dá ultima vez que entrei no quarto do rapaz, vi estranhas rachaduras na parede, meticulosamente perfeita como um desenho movendo sobre ela, estupenda. Vivia conforme alguns anos passados, a única coisa que tinha de moderno em sua casa era um radio velho, ja ultrapassado que poderia chamar-se da coisa mais moderna que teria em teu quarto. Insistia em comprar Cd's, Lp's, livros velhos de uma banquinha na rua, era das antigas, os vizinhos o achavam esquisito, mas estranho era ve-los aguardando a chegada do rapaz na porta do apartamento, como se tivessem esperando uma celebridade estantânea chegando tranquilamente em sua residência, isso era estranho, apesar de insinuar a estranheza do rapaz, que vamos dizer que era um pouco exagerado em seu ser sombrio. Alguem subitamente parado no tempo, não necessitava de uma vida online para ocultar-se em algo que queria ser, mas fazia o que queria em sua forma estável, algo que eu admiro nele, vida sem ação, apenas vivendo de um modo mórbido inexistente em nossa sociedade excessivamente plugada.
O visinho ao lado nunca aparecia na janela, para aparecer, fechava a janela e por um fresta minúscula, vasculhava e observava a tranquilidade do movimento no quarto ao lado, apesar de tentar observar o inevitável, ele nunca tentou provaca-lo ou falar dele para outros, observar a estranhesa do quarto do rapaz, era como um passatempo, pois este não saia por estranhesa ou como esse rapaz, teu vizinho, mais ficava em teu quarto trabalhando incessantemente, o trabalho sempre o impedia de fazer o queria. Penso eu, que vizinhança estranha essa, um ocultava-se como pura loucura, outro como puro trabalho e eu como um bom vizinho xereta a espreita das artimanhas de meu novo personagem, o vizinho.
Por fim, o cheiro de cigarro no quarto aumentava ainda mais, era constante e não o incomodava, pois tambem era um usuário, mas mesmo não ligando para si mesmo, tinha medo de incomodar teu vizinho xereta, ou talvez para chamar a atenção e ser criticado por ele, ou simplesmente para perguntar se tem um para dar.
O vizinho continuava a façanha de tentar observa-lo, sempre pela manha quanto abria a janela, incansavel, até em dia de chuva, apesar de tambem ser como eu e admirar o modo de vida esquisita do rapaz, jamais pensava em se comunicar com ele, nem mesmo um "oi", isso não era pela ocupação no trabalho, mas sim o orgulho mesmo.
Em uma das noites, o rapaz entrou no quarto acompanhado de uma mulher, que eu não consegui ver de imediato, mas consegui notar uma boa aparência.
Ela morreu na manha seguinte. Eu lembro disto, o rapaz chorava pelos cantos do quarto ao meu ver, desesperado. Não ocorreu nem um grito, nem nada, apenas uma morte, insana, quieta, morta. O mais estranho que aconteceu foi ele deixar o corpo ali em cima da cama, como se nada estivesse acontecido. Desceu foi até algum lugar e voltou de carro com a policia, chegando lá, retiraram o corpo, e uma arquibancada ao redor, vendo o acontecido fato do rapaz estranho.
Por análises, parece que teve uma espécie de infarto. Estranho.
A última vez que vi meu ilustre visinho, ele estava sentado no banco de um praça, com uma carta na mão, mesmo assim, sua atenção estava longe da carta, era coberto pela fumaça de seu cigarro , teus olhos pensativos, minha curiosidade perguntava em que pensava, não pude entender o sinônimo da carta, nem do olhar, nem do cigarro e pouco menos de seu interresse pelo banco da praça.
Apenas sei que ele morreu no dia seguinte, foi procurado pela polícia para fazer um depoimento e o encontraram ali, na cama de braços cruzados. Até hoje tenho essa foto, minha carreira de fotografo valeu, talvez para lembrar deste meu vizinho que eu nunca disse um "oi".
Tomou calmantes, morreu dormindo, um bilhete no chão ao lado da cama "Venda o quarto para o vizinho ao lado"
O vizinho comprou o quarto mesmo! Não mexeu em nada, deixou como estava e hoje não sei mais sobre este, ou sobre o quarto, nem mesmo sobre as cartas do morto que ficou com o vizinho. A bagunça continuou, o cheiro de cigarro cintinuou, vindo do quarto ao lado e do novo dono do quarto que tornou-se usuário, por fim, eu comprei o quarto do vizinho do morto. E as cartas? Não sei.
Priscila Faria
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