"Maria Baiana" - Conto

Por Priscila

 A voz saia ligeiramente baixa, saias longa bordô avermelhado, sueter branco, pertencia a uma moça morena, de longos e encaracolados cabelos negros, aquela que abriu a porta quando eu cheguei. Seus olhos castanhos claros, naquela hora constrangidos de ver tais estranhos na porta logo se abaixaram e nos olharam dos pés a mente ligeiramente e correu subitamente.
De um vento, surgiu uma voz, como a voz daqueles lá de bahia, aproximou-se com um pano de prato nas mãos enxugando-as e pondo-o nos ombros.

"Chegue Maria, são os senhores das terras de Sao Paulo que veio ficar aqui- Disse ela. - Comprimenta o homem Maria.
De beleza tão acanhada que apenas com simples gestos, balançou com a cabeça.
"Oi! - Poucas palavras, mas já podia compreender sua fala, diferentemente de sua tia era um tom mais vagaroso e arretado como diz sua tia.
Ao responder voltou saltitante para dentro novamente.
"Entre, entre! Não repara não, mas minha casa é assim mesmo. Maria larga dos cantos e venha cá fazer companhia aos senhores enquanto vou fazer café.
Maria apenas aproximou-se no pequeno sofá velho, apoiou-se e nos olhou logo abaixou a cabeça.
Aparentemente era timida, pelo menos aos meus olhos, seu olhar embora sinico, tinha olhos grandes e quando mirava com seus castanhos  orbes a alguem era uma sensação sensual, mesmo fugindo de seu estado ao apresentar-se.
"Olha o cafézinho" - vinha a tia, falando daquele jeito tipico, que nos paulistas chamamos de voz de baianos. Engraçado apesar da idade ja madura, era bonita como a sobrinha, tinha cabelos longos da cor do céu ao escurecer, o rosto aparentemente sempre cansado talvez pela trabalho ou pelos traços da vida, mas ainda sim com traços delicados e bonitos, personalidade forte, ao contrario da sobrinha.

"Quantos anos tem, senhorita?" - Perguntei mesmo sabendo que ela poderia não responder ao contraio de mim, meu amigo ao meu lado no sofá, encarou-a de modo obceno, de certo para meu olhar pois ela ao menos se constrageu, "Mas timida, acanhada?"

"Vinte" - Agora pude notar melhor teu tom de voz, baixo, dissimulado, baiano.
"Tão bela es para minimos vinte anos" - Ela nada respondeu ao meu comentario tolo.
Ela não pode conter-se e fez uma pergunta.
"Verdade que voces são da cidade grande" - Falo intusiasmada, infantil.
" Sou de São paulo e meu amigo aqui é carioca do Rio de Janeiro" Respondi. "Ja ouviu falar"
"Ouvi dizer que é muito bonita, mas é longe de mais.
"É de tamanha grandeza, mas não tão longe assim"
"Tia não deixa eu ir para lá" - Inclinou-se falando baixo.
"Venha conosco" - Falou imprudentemente Jonathan meu amigo.
"Ela não pode, veja"
"Eu vou"
"como?" - perguntei assustado.
"Mainha disse que não quer desgrudar os olhos de mim, mas um dia vou ir"
"Talvez um dia voce vá" - Respondi
"Talvez pode ir bem mais cedo do que imagina" - Mais uma vez Jonatham e seu comentarios nada inocentes.
"Rapazes quando voltaram para cidade grande, não estão demorando demais não?" - Disse Josefá
"Partiremos semana que vem" - Respondi a senhora a frente.
"Voce é comprometida jovem?" - Perguntou jonathan
"Não" - Disse timidamente.
"Serio. Quantos não deve ficar pasmos de te olhar" - Comentou

Em um momento pensei que ela fosse intimidar-se, pois até eu senti vergonha com um comentario tão ingrato e insolente, e ainda mais desrespeitoso com uma jovem.

"Que isso, senhor! Não são tantos assim" - Aparentemente, encarava-o como se seus olhos vissem pelo interior. Olhos de poder, paixão, luxuria, engraçado! Timida, acanhada?

E não bastou um ingrato comentario para submeter-se a tanto
E muito mais alem.

"Como tantos conseguem caminhar em paz nessa cidade, tendo uma deusa andando pelas estradas?" - Teus olhos nada inocentes.
"E quanto a ti, é casado" - falou abertamente para minha surpresa.
"Não, mas quem sabe, muito em breve."

Ciumes não bastava, fique irritado demais para continuar a presenciar essa sem vergonhice e logo me intrometi.

"Maria, pode me servir um pouco mais de acuçar.
Enquanto pegava a chicara e caminhava até a cozinha, nao hesitei em falar.
"O que pensas que esta fazendo?" Esta louco?" "não ve que não é o que pensa, tem respeito e familia e não uma protistutazinha de esquina a qual entra em qualquer conversa"
"Não parece"
"O que?"
"Não parece, a unica diferente entre as duas é que uma protistutazinha é bem mais facil" - Comentario infeliz deste ser.
"Pare com essa palhaçada, tenha respeito pela senhora Josefá!"
"O que pensas que vou fazer? Estou apenas conversando"
"Com comentarios estupidos como estes?"
"Acho que voce esta bem adiantado em questao dessa garota, esta com ciumes?" - Não tive respostas.
"Aqui esta senhor! - Disse ela caminhando com a xicara novamente.
" Obrigado Maria" - respondi e logo tratei de cessar com essa conversa.
"Senhorita, ao passar deparei-me com um bonito jardim em seu territorio, posso vê-lo?
"Pode sim"
"Pode me acompanhar, não quero perabular pela casa de alguem assim"
"Mainha! Vou mostrar o jardim para o rapaz" - gritou para sua tia que estava na cozinha.
"Vá que o bolo ja esta saindo!"
"Dei-me licença. - Falei.
"Isso é um pretexto para contigo falar" - Tentando disfarçar a timidez e vergonha que sentia ao falar uma frase tão inocente.
"O que quer falar" - Indagou ela, com teu semblante simples e alegre.
"Vou te contar o que se passa, não consigo parar de olhar-te, nao nego que não me encanto com tua beleza Maria, não me leve a mal, desculpe-me pelo minha indecencia, mas não aguento mais, ainda mais não aguentava ouvir tantas palavras de jonatham elogiando-te."
"Voce gostou de mim tão rapidamente assim" -
Comentou ela andando até mais perto, com teu olhar sinico, sem vergonha.
"Jamais quero trata-la como mulheres de baixa altura como algumas são, jamais, mas o que quero dizer é que tu Maria, me encata desde quando me atendeu na tua porta"
"Tambem vou contar que te achei muito atraente quando te olhei, nunca vi ninguem como senhor, tão elegante e bonito"
Respondeu com a certeza que eu queria falar-te, sem a vergonha que demostrei, sem inocencia, ou timidez ou acanhamento.
Ela apenas se movia mais perto e mais perto e eu tentava me afastar mesmo sem querer, olhava para a janela da casa com medo de dona Josefá, mas ela continuava se movendo até mim, querendo que eu a beija-se e não hesitei, foi rapido, ela se afastou.
"É a gente entrar mainha ja deve estar nos pricurando procura" -

Meio encabulada, entrou e logo em seguida tive que entrar apesar da imensa vergonha e sacanagem de minha parte.

Maria era mais atraente que as mulheres que tinha visto, não sei se era fentiço ou amor, ou paixão, ou sabe-se lá o que for, mas minha atenção era somente para ela. Não era adornada por joias ou roupas de luxo, ou de tamanha elegância, mas mesmo com modestia olhava como magnifica.

"Gostou do bolo, rapazes? Não fiz mais porque meus ingredientes acabaram, mas pela noitinha vou fazer um melhor ainda, voces vão ver.
"Não preocupe-se com nada, minha senhora" - Respondeu Jonathan

A noite sobe aos arredores de Bahia, mas tudo era bem iluminado com as festanças que se formavam na região, bem movimentada e muito quente.

" Olá Maria!" - Não hesite e voltei a entrete-la em um assunto.
"Oi Pedro" Onde vai estas horas homem! ´Já é tarde da noite, vai ver as festas?"
"Eu é que digo, o que fazes esta horas caminhando pela rua?"
"Perguntei primeiro" - Respondeu ela, brincando.
"Não nego que estou sem sono e escutando todo esse som é impossivel dormir" - respondi abrindo o portão da casa.
"Eu tambem estou sem sono, gosto de andar de noite com todo esse calor bom"
"Calor bom, esta me matando! " - Indaguei.
"Já que esta aqui, quero desculpar-me de que disse e que fiz ontem." - Apesar de conversar com ela normalmente, ainda sim sentiu meio acanhado pelo drama que passei ao longo do dia anterior.
"Desculpar pelo o que?
"Como pelo o que? Por ontem!" - respondi.
"Por ter me beijado?"
" O que achas que seria? Estou até encabulado com essa situação."
"Porque não gostou?"
"Como não gostaria, Maria! ...Mas me diga, onde estão as festas? Vim para Bahia para poder conhecer a cultura, as danças tipicas, mamãe falava sobre suas viagens para cá, dizia barbaridades de alegria." - Começei a mudar de assunto, pois ja nao conseguia mais olha-la.
"Amanha talvez, vou dançar em uma festa aqui na rua, quero que venha me ver dançar!"
"Voce dança como as baianas? É isso baiana?"
"É, alguns acham que é, olhe como é a dança, não é como a de voces da cidade grande."

Ela dançou!
Mas que diacho de dança era aquela, nunca avistei tanta formosura, tanta beleza, não sei como pode, mas o som alto que vinha de fora a contagiava, mesmo ao conversar não parava de moxer-se, talvez eu ali louco para abraça-la e toma-la em meus braços. Sensualismo, Desejo era o que vinha a minha mente, aos meus olhos.

"Voce fica ainda mais bela dançando! Que minha mente nunca apague o que vejo.
Parou, prendeu os cabelos encaracolados e soltos esvoaçantes, sentou-se ao meu lado.
"Estoi tonta de tanto dançar!"
" E eu tonto de te ver" - Comentei
"Mas voce nao sabe dançar, mostre como se dança na sua cidade?"
"Não sei dançar e para ser sincero não gosto"
"Pare com essa vergonha, oche, levante!" - Dizia ela levantando-se, tentando me puxar.

Ela então o puxou com força, desajeitado cai, minha exaustão era tanta, que mal consiguia manter-me em pé. Sorria, sorria, pelo meu cair, baixo mais o bastante para me constranger.

Sempre a olhei de modo como se mostrava, timida, acanhada? Eis mais uma das questões. Mas ainda sim fui até o alem.
Seus olhos esverdeados estavam mais pertos dos meus, ela agaixou e subitamente jogou-se em mim, beijando-me, abraçando-me, e ainda sim acho que era sonho.

Por fim, mas uma vez passou. Ela levantou-se.

"É bom voce ir deitar, amanha terá que levantar cedo, não é?
"Antes de ir Maria, eu quero dizer que eu passo falar com tua tia pelo relacionamento que estamos tendo?"
"Não, não! É bom esperarmos um pouco."
"Tudo bem"
"Vamos ficar em segredo por enquanto. Dai podemos levar nosso relacionamento mais longe...Entao vá se deitar, pois eu ja estou cansada. - Assim seguiu para teu quarto.

O dia amanhece.
Lá fora ouvia-se os cantos dos passaros e os cacarejos dos galos

"Marta, Marta" - Exclamava a tia.
"O que aconteceu? Fica gritando! - Respondeu a visinha ao lado.
"Maria esta na ai? Sumiu, não diz onde vai"
"Nao esta não"
"Não sei porque some assim, desde quando Antonio morreu ela anda assim."
"Bom dia! Dona Josefá! O que preocura.
"Maria que sumiu!
"Maria? Mas ontem estava aqui?"
"Deve ter ido buscar pão. Ja tomou café, senhor Pedro?"
"Não se preocupe com isso, vou indo, apenas to procurando Jonathan que tambem sumiu e não o vejo ja desde ontem de noite. Por que diabos ele esta desaparecendo assim!"
"Olha Maria ali! Maria onde voce foi mulher?"
"Estava na praça um pouco tia, me deixa em paz!" - Respondeu ela.
"Pelo visto, Jonathan tambem estava na praça, olhe ele vindo! Jonathan da proxima, ve se avisa, pois os jornalistas estão nos esperando faz é tempo.
"Nem dormi por aqui hoje se quer saber, e voce fica ai babando para essa guria, não ve que esta perdendo o que tem de bom nessa cidade."
"Se não tem nada para fazer de melhor no resta da vida, paciencia.
"E como diz teu falecido pai, és tolo por falta de uma boa aguda burrice. - Disse, jogando tua real chacota.
"Para que iria se ainda vejo boas pessoas por aqui."
"Quem Maria? - Sorria ironico. " Como é burro, não ve que nao es santa nenhuma."
"Voce a conhece bem para falar isso?"
"É ver e perceber, se nao percebe é porque não qué! Santa, santa!Maria santa? só se for mãe de Jesus
" Porque essa afirmação, sabe de algo que não sei?"
"É melhor irmos, ou nosso bate-boca permanecerá ao seculo XIX"
"Antes disso, vou tomar um café"
"Como voces vão? Acabei de fazer um bolo."
"Como sempre deve estar otimo. - Falei"

Observei Maria até cergar-me, ela notou, mas como não. Alfredo tambem a olhava mas era discreto e quieto.
-Pedro, esqueci de avisar um rapaz que tinha perguntado-me sobre o Jornal, ja volto, dentro de alguns minutos ja voltarei.
-Tia vou bscar mais pão. - Disse Maria.
- Mas menina tem bolo aqui?
- Mas prefiro pão, ja volto.
- Mas que menina louca! Maria anda tão estranha, parece moça de cidade.
- Tambem notei. - Exclamei eu.

Não sei onde foi Maria, muito menos Alfredo. Uma hora estamos todos juntos outra vez estamos separados, apenas por um pão. É estranho.
Maria sumia como uma espiã profissional. As vezes estava, as vezes não. Queria saber onde ela anda por todo o tempo.
Alguns minutos...
- Voltei, viu não demorei! - Disse Maria com um radiante sorriso de orelha a orelha.
- Dá proxima vez, como o que tem e nao me deixe falando sozinha. Ta ouvindo Maria?
- Tô tia. - Respondeu ela com seus olhos sarcasticos.
- Olá disse que voltaria logo, ontem o rapaz perguntou como funcionava o Jornal, disse que conversaria com ele pela manha.
- Oras! Oras! Coisas dali, coisas de lá.
- É melhor irmos Pedro! Dentro de alguns minutos a reunião irá começar.

Levantei-me da cadeira velha marrom, dei um adios e sai pela porta, despedi-me da senhora bonita a minha frente e não foi possivel falar com Maria.
Por fim, ela olhou com um sorriso discreto e acenou com as mãos se despedindo.

# Costuma elogiar todas as mulheres que conhece senhor?
-Não, não, apenas voce.
- Verdade?
- Como não seria. - Ela aproximou-se jogando teus longos cabelos para tras, chamando a atenção, para teu rosto, para teus olhos, cujos olhavam a alma.
Com teu sorriso incerto e malicioso.
- Senhor não devia estar aqui! - Vagarosamente agora pondo suas mãos a camisa o puxando para si.
Mas uma vez não hesitou, loucura, e beijei-a novamente.
Precionava para meu corpo, precisava senti-la de perto, parecia que apenas beija-la não bastaria para mostrar-lhe minha paixão. Meu coração sangrava aos chorar de amor, ela não se intimidava ao abraçar-me, não parecendo aquela menina dos olhos sedutores, fragil e inocente e sim uma mulher sem juizo ou coerencia, sem dicernimento, ardendo pela chama do fogo do teu corpo, movendo-se como as outras.
Senti a interropição, o calor se esvairando e tua boca se separando das minhas, teu braço pressionando para tras e sussurando em minha face.
"Gosta tanto de mim assim ?"
" Gostar? amar? sim - Tuas mãos inocentes, eram mais fortes.
"Puxei novamente e ela se distanciava da minha face clamando por ela.
- Se não comentar nada há ninguem, continuarei a te beijar! - Falou de modo medonho nos ouvidos.
- Acha que contarei? Achas que quero-te longe.
- Que bom, espero que seja nosso segredo. - Subitamente retirou-se de meus braços e correu como uma louca para dentro.

Um tanto pasmo, disfarcei e sai." #

Os dias se passavam.
Continuei a encontrar com Maria e a manter nosso relacionamento em segredo.
Ninguem desconfiava, nem mesmo tua tia Josefá. Apesar de gostar de nossos encontros e de fazer tudo para ocultar até de Alfredo, minha mente ficava um tanto pertubada em pensar que estava enganando a mulher que cuida da mulher que amo, ou de fazer com que Maria, tão doce e delicada como uma qualquer.
No dia seguinte aconteceu uma grande e bagunçada festa. Não deixei de ir, alias era minha ultima semana na cidade.
A tarde já estava passando e a festa ainda em cheia.

-Senhor Pedro! Esta gostando da festa?
- Muito dona Josefá, nunca vi tanta alegria assim. - Sentado perto das mesas onde servia os alimentos da festa ainda conversando com Alfredo
- Então não deixe de aproveitar e o senhor Alfredo esta gostando tambem?
- Como não gostaria?
- Boa festa rapazes, se precisarem de alguma coisa estou por aqui.
- Tudo bem, até! - Conclui
- Pedro! - Disse Alfredo parecendo nervoso, colocando suas mãos sobre a cabeça.
-Acho que precisamos ir embora, porque ja fizemos os projetos de tudo, certo? e ficar essa semana é desnecessário.
-Mas semana que vem nos ja vamos!
-Então Pedro, mas sabe o que é, eu ja enjoei dessa cidade, não quero mais ficar um dia aqui.
- Alfredo voce esta bem?
- Estou bem sim, não vê.
- Não parece, esta suando sem parar.
- Não posso pensar mais agora.

Maria aparece por alguns minutos e ja na roda começoua dançarolar com as outras mulheres.

-Olhe! Feliz dançando como se nada tivesse acontecido. - Sussurou Alfredo, pouco nervoso.
- O que esta acontecendo? O que Maria tem haver com isso.
-Não disse nada sobre ela, esta louco.
-Acabou de bocejar sobre Maria.
- O fato é que não gosto dessas danças ridiculas e essa alegria morbida, futil que esse povo transmite.
-Acho que voce bebeu demais hoje.
- Vou ir, senão voce vai me encher a noite toda. Estou indo.
-Vá! Ve se dorme!

Ele caminhava em direção ao casarão de Josefá no outro bairro. Entretando avistando-me, vinha Maria a minha direção, com teu jeito proprio de andar e suas saias longas de cigana esvoassando sobre as luzes foscas dos postes
-Oi Pedro? Esta gostando da festa.
- Estou sim Maria.
Ela sentou ao meu lado e falou baixo.
- O que horas vai para casa?
- Só vou esperar um amigo para lhe entregar o projeto e vou.
- Vai demorar então?
- Um pouco, talvez.
- Esperei te esperando, ja vou indo.
- Já vai, ainda mais tu que gosta de festas.
- Estou um pouco cansada.

As horas se passava meu dever do dia ja estava feita, alias tantas loucuras de trabalho que minhas viagens de descanso tornou-se emcomoda.
Levantei, caminhei para a casa, exausto, louco para encontrar Maria e passar horas e horas com ela, a razão de continuar na viagem.
Estava tudo apagado, ja estavam dormindo, Alfredo, Maria.
Entrei subindo os degraus silenciosamente para não notar-me perambular até o quarto de Maria, principalmente Alfredo.
Ao chegar entrei e deparei com Maria deitada sobre a cama branca e macia. Fui perto, coloquei as mãos ao rosto moreno, movendo suas mechas de cabelo para tras, ela então acordou-se, ergueu-se e me beijou.
Alguns passos la fora.
Maria atenta ouviu e disse.
- Quem será?
- Acho que Dona Josefá chegando.
-Não! A festa ainda nao acabou, espere vou ver.
Levantou foi até a porta e saiu. Enquanto isso levantei-me e caminhei até a porta.
-Trancada? - Comecei então a chamar - Maria, Maria! Tranco a porta?
E nada, ainda assim pressionava a porta e nada.
Sentei na cama, esperei e cade Maria que desapareceu a alguns minutos, e assim começava a formar conspirações na minha mente, "Será bandido?", "Será que raptaram Maria".
Um barulho pequenino na porta, levantei-me vagarosamente, ligeramente toquei a fechadura, mais uma vez a empurrei e abriu, simplesmente agora esta aberta.
Assustei-me em sair, mas não hesitei, percorri o corredor ao quarto dos fundos, cujo eu e Alfredo dormia.
A porta estava encostada como de costume. Nesse corredor praticamente todo escuro, nao se via absolutamente nada, apenas um reflexo vindo pela fecha da porta, clareando aquele pedacinho do tapete vermelho no chão.
Cheguei perto, temendo alguma coisa, minha preocupação com Maria apavorava ao ponto de tremer.
Empurrei! Estava escuro, a janela estava aberta como eu havia deixado, era de onde saia aquele risco de luz ao chão.
-Alfredo! Alfredo, acorda, aconteceu alguma estranha a Maria sumiu. - Falei baixo.
-Alfredo! Acorda! - Falei mais alto. - Alfredo!

Abri a janela, fui até cama.
-Alfredo! Meu Deus, Alfredo acorda, voce esta bem, Alfredo.

Meu desespero foi enorme, acendi a luz do quarto, fiquei ao lado de Alfredo, o balançando, gritando desesperadamente, balançava-o e ele respirava pouco, mas respirava e continuei a gritar para deixa-lo ainda consciente.

Nu e ensanguentado, coberto por um lençol branco, encharcado de sangue.

A unica coisa que poderia fazer é pedir ajuda. Imediatamente corria a porta, os corredores. "Maria! Maria! onde voce esta?"
Corri de um lado para outro procurando Maria e nada, voltei então para o quarto para carrega-lo e leva-lo até uma posto medico mais perto.
Derrepente, cai para a parede, torto, sentindo uma forte dor na cabeça, nessa escuridão, só poderia bater contra a parede.
- Que dor! Que dor! - Corria a mão sobre minha cabeça, espelando sangue, escorrendo sobre meus olhos. Levantei aos poucos, tentei apoiar-me nas paredes a qual estava encostado, foi quando veio mais uma tremenda dor em minha barriga, recebi uma forte pancada, cuspia sangue e nem passava-me a cabeça o que estaria acontecendo, dessa vez nao foi uma trombada com a parede.
Retorcia-me de dor, olhei para cima, tentando ver alguem, só aparecia o maldito reflexo da janela, pelo menos dava para ver que realmente era alguem, um reflexo de algo movendo algo nas mãos.
- "Maria é voce!" - Falei quase sem voz.
- Adivinho Pedro! Vejo que voce nao esta bem!
-Maria! O que esta fazendo! Começei a empurrar meu corpo sobre a parece para apoiar-me em pé.
- O que estou fazendo? Não vê, ou acha que eu estou tentando te matar.
- O que aconteceu com Alfredo, Maria, foi voce? - Quando recebi uma nova pancada na cabeça, Maria acabava de me acertar com uma especia de taco.

Absolutamente torto, com uma forte dor comsumindo meu corpo, ela começou a puxar-me pelos pés, até o canto da parede, ao lado da cama, esticou Alfredo na cama, que movia os dedos, ainda desmaiado sobre a cama.
Ao lado pegou uma garrafa, cuja começou a molhar a cama, o corpo de Alfredo, jogou sobre minhas pernas e rostos. E fez justamente o que eu pensava, com uma caixa de fosforo sobre a mão, nao pensou duas vezes, jogou palitos sobre a cama, a qual iniciou um fogaréu.
Apesar de minha dor enorme, a dor maior era ver o corpo de meu melhor amigo ainda vivo, sendo devorado pelas chamas, a quais percorria e começava a forma-se em minhas pernas.

Logo apos a visinhaça começaram a notar o fogareu, cheiro de queimado e então logo depois foi chegando corpos de bombeiro, tentando apagar o fogo que alastrou-se aos quartos do lado, praticamente pegando todo o segundo andar do casarão.

Na manha, todos ainda estavam atordoados, procurando evidencias de como aconteceu o incendio.
- Mainha como aconteceu? - Abraçava-a a senhora a sua frente, desesperada.
- Não sabemos, o andar debaixo não foi atingido pelo fogo, mas o de cima, não ha mais nada disse o Bombeiro.
- Mas esses quartos são os de Pedro e Alfredo. - Disse a jovem.
- Sim, mas não estão com voce? - Pergunto dona Joséfa.
- Não, minha mãe!
- Meu Deus, será que estavam dormindo, Meu deus, achei que estavam com voce! - Altamente começava a gritar.
-Calma! Calma! - A visinha, amiga de Joséfa começava tentar acalma-la.

Alguns policiais, depois de conseguir apagar todo o fogo, inevitavelmente veio até a Joséfa e seus conhecidos, e noticiou o corpo de um dos falecidos, comentando sobre o carbonizado corpo do rapaz irreconhecivel.

Joséfa estava quase desmaiando, foi amparada por uma de suas amigas, enquanto Maria estava desesperada, tambem tentavam acalma-la.
E começou a perguntar sobre dois possivel corpo.
- Mas não são dois? - Perguntou Dona Joséfa ainda consciente.
- Apenas um, não encontramos mais corpos.
- Que corpo? O meu?
- Pedro! Chamava com felicidade dona Josefa.

É como dizem, alguns surgem dentre as cinzas.

Maria mentalemente atordoada e falsa coo si só.
- Pedro! Esta vivo? Como esta vivo, não estava no quarto! - Perguntava a cada minutos a mesmas perguntas.
- Calma Maria, estou vivo! - Respondi e fiquei calado, esperando que continua-se falando.

Os policias logo vieram especular-me como fiquei vivo, se estava no quarto, onde estava e coisas tipica de policias
Não comentei nada, apenas disse que levantei e segui para fora.
Logo trataram de levar-me ao hospital, medicando minhas pernas que embora em carne viva, permanecia sem muita dor, minha cabeça ensanguentada era cuidada e enfaixada..

As coisas pareciam bem!
Os policias esperavam por mim, fora do hospital. Inevitavelmente na delegacia, começaram a perguntar-me tudo novamente, e pediram-me para descrever a possivel pessoa a qual nos renderam e causaram o incendio.

- Não vi nada, estava inconsciente, quando acordei vi o fogaréu e levantei!
Continuaram as perguntas e não fiz questão de responder a realidade.

Nada mais, passou o dia, conversei com Dona Joséfa. Logo apos esta acompanhou-me ao cemiterio na cidade, o qual estava Alfredo, sem familia e sem absolutamente nada, fora seus terrenos e casa no Rio de Janeiro, deixei que o enterrassem na propria Bahia.
Levei algumas flores, a quais ficaram bonitas em cima do tumulo com um radiante e escaldante sol de Bahia.
Por fim voltei para uma outra casa de Dona Joséfa.
Começei a relacionar-me com Maria novamente, por pouco tempo antes de voltar a cidade Maravilhosa, apenas aproximadamente por dois meses e alguns dias, não falei muito com ela, apenas tive o que sempre quis desde quando cheguei nessa cidade: Ela.

Amar é amargo, mas esquecer é realmente divino!

Priscila Faria.

Concluido

Comentários

  1. Mas que texto, que texto!
    Parabens esta se saindo uma escritora de mão cheia.
    Parabens!!

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